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Blog da Inclusão

Dividir as angústias é a melhor saída

Claudia Silva Jacobs

06/12/2017 13h43

Pela primeira vez participei de uma reunião com pais de autistas, em um bate-papo para trocar ideias, dúvidas e experiências. Estava ainda um pouco temerosa de como seria, se não seria uma experiência triste ou desanimadora. Só que foi o oposto. Cheguei atrasada e o assunto era a grande batalha por inclusão nas escolas públicas e privadas, os problemas enfrentados por alguns e as experiências que estão funcionando.  E foi muito interessante. Mesmo sem saber a história da maioria, pude rapidamente concluir: os problemas estão em todas as camadas sociais, em todos os cantos, em qualquer escola. Ninguém está plenamente cumprindo a lei, dificilmente fazendo a inclusão da forma que deveria ser.

É óbvio que ver tanta batalha, tanta briga e discussão é desanimador. É claro que seria melhor chegar e ouvir boas ações, processos positivos e encorajadores. Só que foi diferente. Mesmo em meio a tanta batalha, você se sente mais forte ao ouvir e dividir experiências. Ao sair, já comprometida a participar da próxima reunião, entendi que a principal lição daquela noite foi entender que temos necessidade de dividir as nossas experiências e ouvir o que os outros estão enfrentando. Quando você está em uma situação onde a lei não é cumprida, onde as regras são nebulosas e a sociedade se mostra totalmente despreparada, a única forma de seguir é se unindo. Canso de ver pais e parentes de autistas tentarem esconder a real situação, evitarem falar do assunto e até mesmo negar a deficiência e seus filhos. Isso só faz piorar o dia-a-dia de todos. Pense que um outro pai, quem você menos espera, pode ter uma realidade parecida com a sua, ter enfrentado os mesmos problemas e já ter consigo a forma de superar várias barreiras. Esconder a deficiência, seja qual for, não vai fazer a vida de ninguém melhor. Muito menos a sua.

Sobre o autor

A jornalista Claudia Silva Jacobs atua na profissão há 31 anos, tendo passado pelas redações dos jornais O Globo, Jornal dos Sports e Jornal do Brasil, entre outros. Em 1998, mudou-se para a Europa, onde trabalhou por seis anos na BBC, em Londres. Participou de diversas coberturas e ganhou o prêmio Ayrton Senna de reportagem de rádio com a série Trabalho Infantil no Brasil. O tema inclusão passou a fazer parte do seu dia-a-dia ao descobrir que o filho mais velho Francisco, hoje com 13 anos, era portador do espectro autista. De lá para cá, vem participando de debates, campanhas e escrevendo artigos variados sobre o tema. Está em fase de conclusão do portal cidadaoautista.

Sobre o blog

Um espaço para se discutir a relação com pessoas portadores de deficiências, quebrando pré-conceitos e a falta de informação. Um lugar para se falar de curiosidades, amenidades e formas de convivência que podem ser valiosas para todos.

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