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Fogos sem barulho: por um Réveillon mais inclusivo!

Claudia Silva Jacobs

30/12/2017 12h30

Reveillon 2017 na Praia de Copacabana. Foto: Fernando Maia/Riotur

Reveillon 2017 na Praia de Copacabana. Foto: Fernando Maia/Riotur

Já passou da hora de se repensar a queima de fogos em grandes espetáculos. É linda, emocionante, inesquecível, mas barulhenta, aterrorizante para muitos, insuportável para outros. Os cachorros enlouquecem, sofrem muito.  Pessoas com hipersensibilidade auditiva não podem curtir a festa. Os animais silvestres são afetados, transtornos por todos os lados.  Na minha casa é um problema. Moro a duas quadras da Avenida Atlântica, em Copacabana, onde acontece a festa de Réveillon mais falada do país. Muitos vão dizer: que sorte, que maravilha. E eu digo: que tristeza. Eu simplesmente não consigo ir a festa com meus dois filhos. Francisco, o autista, não suporta o barulho. Joaquim, o não autista, também tem aversão aos estrondos. Até em casa incomoda. E pense que estamos no bairro com a maior concentração de idosos do Brasil, com uma grande quantidade de animais de estimação. Tudo seria ótimo e confortável para todos se os fogos brilhassem sem a companhia indesejada das explosões.

Muitas cidades brasileiras já seguem a tendência que se espalha no mundo e optam por fogos silenciosos. Palmas para Campos do Jordão, Bauru, Ribeirão Preto e Poços de Caldas que se sensibilizaram e adotaram os fogos sem barulho. Agora é a vez de cobrar das grandes cidades a mesma postura. Que tal Rio de Janeiro e São Paulo, duas capitais de destaque, começarem a dar exemplo?

Aliás, poderiam mesmo começar pelo Carnaval 2018. Nos desfiles do Sambódromo carioca a queima de fogos beira ao insuportável. A cada escola, cerca de dez minutos de fogos para saudar a entrada na pista da Marquês de Sapucaí.  E o pior: ela acontece a poucos metros da passagem de veículos e da arquibancada gratuita. Já seria uma ótima mudança de postura buscar fogos sem barulho. Tenho certeza que a medida seria aplaudida e celebrada.

Enfim, adaptações são necessárias para melhorar a qualidade de vida de toda a população, sem esquecer ninguém. Boa festa é aquela que todo mundo curte e quer mais. Por isso, o Blog da Inclusão lança as hastags #fogossilenciosos #reveilloninclusivo #festasinclusivas e convoca todo mundo a participar dessa campanha. O mundo digital está do nosso lado. Podemos inundar as redes sociais com as hastags e dar início a uma campanha de conscientização dos organizadores de grandes eventos.  Vamos nessa?  Por um 2018 mais inclusivo!

Sobre o autor

A jornalista Claudia Silva Jacobs atua na profissão há 31 anos, tendo passado pelas redações dos jornais O Globo, Jornal dos Sports e Jornal do Brasil, entre outros. Em 1998, mudou-se para a Europa, onde trabalhou por seis anos na BBC, em Londres. Participou de diversas coberturas e ganhou o prêmio Ayrton Senna de reportagem de rádio com a série Trabalho Infantil no Brasil. O tema inclusão passou a fazer parte do seu dia-a-dia ao descobrir que o filho mais velho Francisco, hoje com 13 anos, era portador do espectro autista. De lá para cá, vem participando de debates, campanhas e escrevendo artigos variados sobre o tema. Está em fase de conclusão do portal cidadaoautista.

Sobre o blog

Um espaço para se discutir a relação com pessoas portadores de deficiências, quebrando pré-conceitos e a falta de informação. Um lugar para se falar de curiosidades, amenidades e formas de convivência que podem ser valiosas para todos.

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